Associação Portuguesa 
de Doentes de Urticária

Perguntas Frequentes

1. O que é a urticária?

O termo urticária provém do latim urtica, que significa urtiga. Foi designado desta forma, porque as lesões na pele são idênticas às provocadas pelo contacto com as urtigas. As lesões ocorrem por uma ativação de células do sistema imunológico da pele, chamadas basófilos e mastócitos. Estas células são responsáveis pela libertação de inúmeros mediadores químicos, incluindo a histamina, que é a substância que provoca os desconfortos associados à urticária. Pode ser desencadeada por vários motivos (medicamentos, infecções, calor, alimentos ou outros estímulos).

2. As urticárias são todas iguais?

Existem vários tipos de urticária que são classificados tendo em conta a duração da doença e as causas subjacentes. Assim, no que diz respeito à duração, considera-se urticária aguda quando dura menos de 6 semanas e crónica quando as excede. Relativamente às causas, pode ser considerada espontânea muitas vezes de origem autoimune ou induzida (quando é originada por fatores tais como: calor, frio, sol, pressão, transpiração, água etc…)

3. Quais são os sintomas?

A urticária surge na forma de edema localizado em qualquer parte do corpo, ou disseminado da pele e acompanhado por uma sensação de prurido (comichão), queimadura ou picada. Este edema é caracterizado por um aparecimento de pápulas (lesão endurecida da pele com relevo, avermelhado, com o centro mais claro e bordos mais vermelhos e que quando pressionadas com o dedo têm tendência a clarear). É mais comum o aparecimento em algumas zonas, como nas mãos, pernas, pés, pescoço, braços, etc. Pode ainda, em casos mais severos, aparecer sob a forma de inchaço nos lábios, olhos e garganta e dificuldades respiratórias, o que requer assistência médica imediata.Caso ocorra urticária aguda em contexto de uma infeção vírica, como por exemplo, respiratória ou gastrointestinal, pode ainda surgir febre. Este sintoma não é normal na urticária crónica e, em algumas ocasiões, pode ser um alerta para sinalizar outras patologias, pelo que deverá recorrer à ajuda médica.

4. A urticária é uma alergia?

Apesar de ter características idênticas às de alergia de pele. A urticária não é considerada uma alergia.Existe um tipo de urticária - urticária alérgica - que ocorre quando um paciente alérgico a certos tipos de alimentos, medicamentos ou substâncias entra em contacto com os mesmos. Nestes casos, a urticária é uma das manifestações da reação alérgica.

5. Os sintomas aparecem sempre? E todos os dias?

As pápulas ocorridas pela urticária, tendem a desaparecer em poucas horas e surgir em outras partes do corpo. Os sintomas da urticária, podem desaparecer entre 24 horas até 6 semanas (quando estamos num quadro de urticária aguda). No entanto estes sintomas podem manter-se após as 6 semanas e durar largos anos (nos casos de urticária crónica).Quando atenuados os sintomas, podem retornar subitamente e não deixam qualquer lesão residual na pele.

6. A urticária é contagiosa?

A urticária não é uma doença transmissível. Ou seja, não existe a possibilidade de contágio de uma pessoa para outra.

7. A urticária pode aparecer em qualquer idade?

Trata-se de uma patologia que pode afetar desde bebés, nos primeiros meses de vida até à idade adulta.

8. É o stress, a alimentação ou medicamentos que provocam a urticária?

O que provoca o aparecimento súbito da urticária ainda não está completamente compreendido. Na maioria dos casos não há um fator desencadeante exterior, ou seja, é espontânea. No caso da urticária aguda, alguns casos podem estar associados a infeções agudas, alergia a alimentos ou medicamentos. No caso da urticária crónica (UC), em 2/3 dos casos é espontânea (UCE) e os restantes casos são desencadeados por fatores exteriores como o frio, calor, aumento da temperatura corporal, pressão, entre outros. Segundo estudos científicos, uma parte das UCE parece ter origem no próprio organismo (autoimune) e em alguns casos pode haver fatores de agravamento como uma infeção viral ou bacteriana crónica (infecção do estômago por Helicobacter pylori), o stress, a alimentação e os medicamentos, que podem agravar os sintomas uma vez que, em alguns casos, são libertadores de histamina.

9. A urticária tem cura?

Não. A urticária não tem cura mas tem tratamento. Nos casos de urticária aguda, os sintomas desaparecem no máximo em 6 semanas, nos casos de urticária crónica, que dura mais de 6 semanas, a doença pode prolongar-se no tempo. Atualmente já existem tratamentos adequados à urticária e que controlando os sintomas devolvem a qualidade de vida aos doentes, ao ponto de estes não se sentirem incomodados com a doença. Em média a doença perdura entre 1 a 5 anos e tem uma maior incidência em mulheres entre os 20 e os 40 anos. A maioria dos casos de urticária é autolimitada e resolve-se por si após um período de tempo.

10. A urticária tem outras doenças associadas?

Raramente, a urticária pode ser um sintoma de outras doenças, pelo que deve relatar ao seu médico todos os sintomas que tenha e que possam despistar outros quadros. Doenças autoimunes como lúpus eritematoso sistémico, síndrome de Sjögren, Tiroidite de Hashimoto ou artrite reumatóide, (eu tirava daqui porque não é uma doença associada mas sim uma infeção que se já se falor anteriormente como fator de agravamento), doenças autoinflamatórias (febre familiar do Mediterrâneo, síndrome de Schnitzler) devem ser despistadas.

11. Acho que tenho Urticária, o que faço?

Felizmente, é possível, viver com qualidade de vida tendo urticária. Por isso, não desespere. Procure ajuda médica para confirmação do diagnóstico e iniciar precocemente tratamento adequado. Deve consultar um médico Imunoalergologista ou Dermatologista especializado em urticária e seguir as suas indicações e tratamentos.

12. Que médico especialista devo consultar?

A especialidades médica que confirma e trata os doentes com urticária é a Imunoalergologia ou Dermatologista. É aconselhável procurar um médico especialista nesta área.

13. Como devo preparar uma ida ao especialista?

Não tem de fazer preparação anterior à ida ao especialista. No entanto há alguns passos que poderá seguir para facilitar o processo, tais como: - Reúna a máxima informação do seu caso (sintomas durante as duas semanas anteriores à consulta, se tem historial de doenças na família, a medicação que toma, se já fez análises reunir os resultados, outros pontos que lhe façam sentido).

- Reúna fotografias das suas lesões e registo de sintomas 
- Prepare todas as perguntas que tem em mente; 
- No dia da consulta, use roupa mais solta que seja fácil de vestir e despir;

14. Qual é o protocolo de tratamento da urticária?

Todo o tratamento deve ser prescrito por um profissional de saúde. Para os casos de urticária aguda o tratamento passa pelo uso de anti-histaminicos de 2ª geração não sedativos e em casos mais graves (com inchaços) e exuberantes (generalizadas pelo corpo todo), o uso pontual de corticóides por um curto período de tempo.As indicações terapêuticas internacionais para a Urticária Crónica atualmente são:

 Em 1ª linha - 1 comprimido/dia de anti-histaminicos de 2ª geração não sedativos

Em 2ª linha (caso a 1ª não funcione) - aumentar a dose até 4 comprimidos/dia do mesmo anti-histaminico de 2ª geração não sedativo e pode ser aconselhado mudar de anti-histamínico caso o médico o entenda, aumentando a dose desse mesmo anti-histamínico, não sendo recomendadas as associações de vários tipos de anti-histamínico pois não é mais eficaz.

Em 3ª linha (caso as anteriores não funcionem). Manter a dose 4x/dia do anti-histaminico de 2ª geração não segativo e adicionalmente realizar o tratamento biológico com Omalizumab. Trata-se de um medicamento injetável que é aplicado em meio hospitalar.

Caso o tratamento com a medicação de 3ª linha não seja fornecida no seu hospital/médico então peça ao seu médico para o referenciar para um hospital público que tenha esse tratamento.

Estes artigos escritos por médicos devem ser lidos por todos os doentes de urticária crónica:
Urticária Crónica - Do Diagnóstico ao Tratamento
Abordagem Diagnóstica e Terapêutica da Urticária Crónica Espontânea: Recomendações em Portugal
Célia Costa: é necessário conhecer a urticária
Dia Mundial da Urticária 2020
O que saber para melhor diagnosticar e tratar os doentes com urticária?
O impacto na qualidade de vida e a importância do diagnóstico da urticária crónica

15. O que fazer durante uma crise ou exacerbação?

Caso consiga associar o aparecimento da urticária com um fator externo (por exemplo exposição ao sol, ao frio, água etc) deve de imediato reduzir a exposição ao fator externo.Em casos de sentir muita comichão, e se tiver certeza de que o fator externo que motivou a urticária não seja a água ou o frio, pode então aplicar compressas frias ou água de forma a aliviar os primeiros sintomas de urticária. 

Quando não consegue identificar a substância que causou a urticária e/ou os sintomas são muito intensos ou ocorrem em locais do corpo que podem afetar funções vitais, é aconselhado procurar ajuda médica.

16. Há medicação com efeitos secundários na urticária?

A medicação de prevenção de sintomas e de controlo da urticária não produzem efeitos secundários. Geralmente, os anti-histamínicos são indicados para o tratamento da urticária aguda ou crónica e esses não produzem efeitos secundários. 

Os efeitos indesejáveis causados pela medicação biológica hospitalar são normalmente ligeiros a moderados, mas ocasionalmente podem ser graves. Os sintomas podem incluir erupção cutânea, comichão ou urticária na pele, inchaço da face, lábios, língua, laringe, traqueia ou outras partes do corpo, batimento cardíaco acelerado, tonturas e dores de cabeça ligeiras, confusão, falta de ar, respiração com ruídos ou ofegante ou outros problemas de respiração, pele ou lábios azuis, colapso, perda de consciência, dor muscular, dor e inchaço das articulações, febre, perda de peso e cansaço.

Em casos graves pode haver necessidade do médico prescrever corticóides, e nesse caso, podem ocorrer efeitos secundários (tais como: alterações de humor e do sono, irritabilidade, ansiedade, euforia, dificuldade em  dormir ou insónias, e em alguns casos, pode ocorrer também depressão, perda de memória ou diminuição da concentração).

17. Tenho urticária, posso fazer a vacina para Covid19? Qualquer uma?

Sim, os pacientes com urticária podem fazer qualquer uma das vacinas para combate e prevenção à Covid19.

18. Estou a fazer a medicação biológica, posso fazer a vacina para Covid19? 

É recomendado que tome a vacina contra a COVID-19. A vacina contra a COVID-19 é de baixo risco e é a melhor forma de se proteger a si e aos outros contra o coronavírus. 

Deve espaçar a toma do biológico e de qualquer vacina, se possível, 7 dias.

19. As mulheres com urticária podem engravidar?

As mulheres com urticária podem engravidar. A gravidez pode ainda reduzir ou eliminar os sintomas durante o seu período. Caso os sintomas apareçam, pode também fazer uso dos anti-histamínicos ou do biológico que não apresentam contra indicações durante a gestação, sempre com indicação médica.

20. Será que poderei amamentar?

Sim, é seguro amamentar com urticária e tomando a medicação sintomática.

21. Estou grávida. A criança pode nascer com a doença?

A urticária não é uma doença genética. Não passa dos pais para os filhos.

22. Como poderei  lidar com a doença?

Para viver bem e lidar com a doença, deverá seguir algumas recomendações: - Siga todas as recomendações médicas. Mesmo quando estiver livre de sintomas é importante tomar a medicação para que ajude no controlo da doença e lhe traga melhor qualidade de vida; - Não se automedique! Existem medicamentos (tais como analgésicos e anti-inflamatórios) que podem agravar os sintomas. - Pratique regularmente exercício físico, é importante constituir hábitos saudáveis. - Evitar alimentos ou substância desencadeadoras dos sintomas de urticária. - Faça uma alimentação equilibrada. Os alimentos (como carne de porco, marisco, crustáceos, morango, frutos vermelhos, cebola, tomate, chocolate e bebidas alcólicas) são “libertadores de histamina” que não provocam urticária mas agravam os sintomas. - Mantenha-se optimista! O stress não causa urticária, mas influencia negativamente a sua evolução. Saiba que cada caso de urticária é um caso mas que com persistência se chega ao controlo da doença e melhoria da qualidade de vida. Se sentir que precisa de apoio fale com o seu médico ou contacte a Associação de Doentes APUrtica, torne-se associado e venha compreender como todos juntos somos mais fortes.